Gandra, Manuel J. – A Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra. Mafra: Câmara Municipal, 2003. (Colecção Mafra de Bolso) ISBN 972-8204-34-5 A Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra (BPNM) é um livro que surge no âmbito da colecção Mafra de Bolso, promovida pela Câmara Municipal de Mafra, com o propósito de edição de livros sobre o concelho. Este livro, de Manuel J. Gandra discorre sobre a história da BPNM, a sua organização e disposição espacial, os seus objectivos, traça uma exaustiva resenha histórico-cronológica e bibliográfica (1735-2003) da Biblioteca (em 84 pág.), e apresenta ainda um estudo do Catálogo da Tratadística alquímica antiga (do acervo da BPNM). A BPNM foi a única biblioteca cujo acervo não sofreu perdas fruto da extinção da ordens religiosas em Portugal, em 1834.1 Efectivamente, correu esse risco entre 1837 e 1840, ao ser declarada “biblioteca conventual de instituição régia” ao que foi corrigido, em 1840 para “biblioteca conventual de propriedade régia” com intuito de sua salvaguarda. No livro são abordados os princípios e modelos da concepção e organização da BPNM. Alude-se inicialmente ao modelo defendido por José Carlos Calazans, um modelo cosmológico cristão, em que Calazans afirma que o organizador primaz da BPNM, Frei João de Santana, socorreu-se na sua organização da regra das quatro ordens: 1ª cosmosófica (dois hemisférios : Norte reservado ao trivium e Sul ao quadrivium); 2ª determinada pela altura das prateleiras (mais altas na inferiores e mais baixas nas inferiores); 3ª de matérias (directamente relacionada com a ordem cosmosófica: hemisfério Norte Sul); 4ª cronológica (das obras mais antigas para as mais recentes, dentro de cada tema, por estante e por autor, nas mesmas estantes. Contudo Manuel Gandra considera este modelo redutor e defende que a BPNM foi concebido ( e organizada) sob um modelo/sistema próprio, subjacente ao corpo de ideias de matriz sócio-cultural e religioso dominantes no longo reinado de D. João V. Como tal são discorridos múltiplas teorias explicativas e fundamentações lógicas sobre a efectiva organização da BPNM. Neste sentido são apontados diversos elementos de índole simbólica, filosófica, numérica, mnemónica, astronómica, escatológica que concorrem para a sustentação desse modelo/sistema de organização da BPNM. A BPNM conta com cerca de 36 mil volumes (integrando valiosas colecções), que foram maioritariamente encadernados nas oficinas que funcionavam no convento, ocupado na altura (1771-1792) pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. O espaço físico da biblioteca foi projectado, decorado e mobilado pelo arquitecto Manuel Caetano de Sousa, em estilo rocaille. Dados técnicos: 179 pág. com diversas ilustrações, contém referências bibliográficas. Tiragem de 500 exemplares. 1Ver importante estudo de Paulo J. S. Barata “Os Livros e o Liberalismo – Da Livraria Conventual à Biblioteca Pública”, BN, 2003.
Relembre-se que ao longo do segundo semestre deste ano decorrem nos primeiros Domingos de cada mês as visitas "Por Caminhos nunca dantes percorridos..."Etiquetas: Equipamento Instalações e Mobiliário, Fontes de Informação, Livros e afins |